números

Em momentos duplos divididos dentre nós dois
é vida é vivida e vai

Cantem mais uma vez
o que queriam antes
que percebam o quanto
erraram
e vejam o quanto acertaram
em não errar em acertar

e uma lembrança de tudo
que passou esvaziará
a memório como furo no final
o que vês é o que não sabe
e sabia que saberá
que um dia ainda fosse
que pudesse me dizer
gira o mundo e acabou

Descascando Batatas

Parte I

As pessoas não costumam ser assim como eu sou, isso me preocupa, seriam eles não uns dos meus, ou eu que não sou um deles? Seja qual for a perspectiva, o fato é que eu sou diferente em alguns aspectos, mas nada a se orgulhar. Por exemplo, eu não sou um cara surpreendente, não sou um cara que se retenha, é como se eu fosse gradualmente me alterando aos outros, não sou um ser de explosões como tantos outros, estas explosões me faltam, nessas retenções de sentimentos que os explosivos criam, a vantagem é que quando se chega ao ponto de explosão as pessoas fazem coisas grandiosas, coisas que eu não faço. O que me dá um ar de ser uma pessoa que não mostra o que sente explicitamente.

Os explosivos, os quais eu admiro, despreza os que amam com mais facilidade, sabem controlar o seu precioso tempo tempo, e esse desprezo aliado aos sentimentos, faz com que eles se demonstrem com mais clareza, faz com que o que sentem aparente mais verdade do que o que sentem os não-explosivos.

O que elas fazem é reter os sentimentos enquanto descascam batatas, pois esse é o limite humano, há a necessidade de se alimentar e o senso lógico é que quando os sentimentos são recíprocos, faz se um bem ao outro se alimentando, tanto ao corpo quanto à alma.

Parte II

Existem basicamente dois tipo de suicídas:
Os suicidas mentais.
Os suicidas vitais.

E estes são os dois estados possíveis da vida.

O suicida vital: 

Durante este estágio, uma pessoa é imutável na sua resolução: acabar com sua vida. Ela pode até ter uma rotina de vida como qualquer um: ir para a escola, comer, dormir. Mas est neste estágio a pessoa passa a ser de fato uma existência, que pode até ser chamada de definitiva, uma pessoa que não muda em nada significativo desde o início do estágio até o fim, que normalmente é a morte
Este estágio na sua mais pura forma não é nada mais do que dar um nó numa corda a se enforcar, é como se a pessoa estivesse apenas se preparando para morrer.

O suicida mental

Ele é diferente, ele não se mata na acepção comum do termo, o que ele faz é render-se para as relações humanas, deixar-se entregar numa conversa com alguém de forma que antes da conversa ela não era a mesma pessoa do a de depois. Num dia em que houveram momentos felizes, podemos passar o resto do dia feliz, isso não foi algo que pode ser simplesmente explicado como estado de espírito, por alguns momentos você era alguém feliz, não apenas estava feliz. O porquê de você não continuar feliz pelo resto de sua vida é um suicídio mental, você se entrega aos acontecimentos. Observa o desprezo que alguma pessoa está tendo por você no momento, lembra de qualquer coisa triste que envolva o seu mundo, e junto com isso uma sucessão de fatos faz você voltar para um estágio não-feliz. Isso aliado com o senso de auto-preservação, que diz que certos crescimentos internos não são realizados com felicidade, que se liga com a satisfação geral pela vida. Em poucos dias você se matou duas vezes, matou uma pessoa triste e matou uma pessoa feliz.
Nessa forma de acepção sentimentos como amor se tornam algo confuso para se falar.
Você ama quando descasca batatas? É... será que realmente estou descascando batatas por todos que eu amo? Bem... isso poderia ser explicado que descascar batatas seria uma forma de manter a sua vida por saber que ela é importante para os que o amor é reciproco, nesses termos há a confusão na possibilidade de não ser recíproco. De qualquer forma, isso tudo pode não ser verdade, pode ser uma interpretação romântica de nosso viver e nós não estamos pensando nos outros, estamos é sendo egoístas, pode ser também que seja totalmente diferente disso, somos uma sinfonia e as mudanças de nossos estágios vão conversando com os estágios de outros. E seja por não podermos ter certeza do que alguém é, por esse alguém não ser algo de fato, ou por nos enganarmos acreditando em mudanças, isso vai dando alimento para nos relacionarmos em alguma amizade ou qualquer coisa que necessite de amor. E por que se podemos apenas idealizar os outros, e acreditar ou não nessa ideia, resultando em amar, não podemos amar a todos? Já algo mais forte que nós, delimita na possibilidade de amar, pode ser chamado de timbre, fazendo analogia da vida com uma sinfonia, mas também pode ser chamado de alma, características que se sobressaem a outras como possivelmente imutáveis, e tornam os relacionamentos mais fáceis ou mais difíceis.
As pessoas não deixam de amar, elas deixam de ser elas mesmas.